Contributo enviado por Isabel Nunes, SERES (con) viver com o VIH, 16/08/2010
A Qualidade dos Cuidados e Saúde – Perspectivas na Área do VIH/Sida é um documento enviado pela SERES (con) viver com o VIH.
1 – A saúde sendo um conceito subjectivo não deve ser meramente considerada apenas de uma forma quantitativa mas de uma forma qualitativa, considerando a pessoa global, holística e integralmente. E embora teoricamente, a prática da saúde seja considerada desta forma, a realidade é outra.
- Existe, portanto a necessidade de adopção de uma perspectiva mais compreensiva e qualitativa de saúde, assim como a integração das medicinas complementares no sistema de saúde de modo a promover a qualidade de vida.
- A oposição existente entre a medicina ocidental e oriental em nada beneficia os doentes, devendo-se considerar os bons exemplos como os praticados nos Estados Unidos da América que integraram as medicinas complementares no sistema de saúde reduzindo o recurso aos fármacos mais generalistas e actuando em alguns efeitos secundários dos ARV (nomeadamente neuropatia, depressão,…).
2 – A doença não pode ser vista isoladamente. A doença tem um impacto na vida familiar, na rede social, na sociedade e não apenas no indivíduo. Da mesma forma os contextos envolventes assumem um papel preponderante no desenvolvimento da doença.
O índice de desenvolvimento humano mede as realizações médias, de cada país, no que concerne três dimensões básicas: uma vida longa e saudável; acesso ao conhecimento; e um padrão de vida decente. Estas dimensões básicas são calculadas com base num conjunto de indicadores estatísticos nacionais, como a esperança de vida à nascença; os níveis de literacia e instrução; o produto interno bruto e rendimento per capita. Em Portugal o índice de desenvolvimento humano tem verificado um decréscimo nos últimos anos com impacto no indivíduo.
Para consultar o contributo na integra, clique no documento que se segue:
Embora a minha doença seja do foro oncológico, subscrevo integralmente o que acima foi escrito.
Urge criar um Guia [completo] do Cidadão na Doença Crónica, actualizado periodicamente.
A actual proliferação/dispersão de Entidades/Órgãos e a falta de sistematização da imensa legislação ou norma legal dispersa,na área da saúde não é nada benéfica nem está acessível a muitos doentes crónicos, dificultando substancialmente a ACESSIBILIDADE e a não DISCRIMINAÇÃO.
Á qualidade dos cuidados e saúde está implicita a terminologia usada na área do VIH, deste modo a categorização actualmente utilizada de ‘populações’, ‘populações de risco’ ou ‘populações vulneráveis’ que basicamente é o mesmo, não apresenta um impacto no significado nem na prevenção. Esta terminologia para além de ser contraproducente para a prevenção, promove o estigma e a discriminação.
A SERES tem vindo a propor sistematicamente a substituição desta terminologia por contextos.
A utilização de CONTEXTO é mais útil e eficaz em termos de prevenção do que a terminologia utilizada de identificação de grupos (populações ou qualquer outra categorização de grupos).
Por exemplo o contexto das drogas pode ser desdobrado em multiplos indicadores de modo a possibilitar uma identificação mais facilitada por parte dos membros do publico em geral, por exemplo no contexto das drogas – é o meu parceiro/a utilizador de drogas injectáveis (ou endovenosas)? Sou um/a utilizador/a de drogas endovenosas? Frequento trabalhadoras/es sexuais utilizadoras/es de drogas endovenosas? Tenho de alguma forma relação com este contexto que me coloque em maior risco de adquirir uma infeção sexualmente transmíssivel?…
A agregação em contextos em lugar de populações apresenta diversos benefícios nomeadamente a redução do estigma e discriminação, uma mais apropriada identificação da população em geral aos factores de risco (em vez de grupos/populações vulneráveis com quem não existe identificação), a renovação da terminologia de prevenção e dos respectivos programas.